quarta-feira, 24 de março de 2010

Conte

Conte até dormir

sem pular nenhum número

um a um, conte

sem contar com coisa

alguma, em silêncio

conte o que sente, conta

por conta, o suicídio

de cada algarismo

a desoras, não desista

continue a contar até o fim

o conto íntimo do seu dia

até dormir, dormente

a noite inteira, e perder

de uma vez, a hora de acordar.

*

in Lar, de Armando Freitas Filho, poema 92, para Camilo